domingo, 10 de outubro de 2010

Sabedoria oriental ao escolher o ponto comercial

A característica essencial de um estabelecimento comercial é a busca
da prosperidade. Envolve relações humanas e a expectativa do crescimento.
Tal qual a célebre alusão acerca das virtudes da mulher de César,
um estabelecimento comercial não deve apenas ser próspero, deve antes
de tudo parecer próspero. A prosperidade deve ser visualmente alardeada.
Uma loja, um restaurante, qualquer tipo de edificação comercial deve
absorver e refletir abundância e fartura. Forças benéficas se refletem na
abundância de estoques, na variedade de ofertas, na limpeza do estabelecimento,no bom gosto do mobiliário e da decoração, no bom humor dos funcionários e na presença maciça de clientes e consumidores. Há uma
inclinação psicológica, comum a todos, em evitar estabelecimentos vazios,
porque induz à idéia de má qualidade nos produtos e serviços.
A obtenção desse “estado de prosperidade” pode resultar de dois
fatores:


1. O acaso. Conta-se com a sorte, que conjuga uma série de fatores aleatórios, produzindo um clima favorável à iniciativa. É a coincidência feliz,
como denominam os chineses, que estabelece um estado favorável,
atraente ao público. Para essas situações, o chavão “negócios são uma
loteria” cabe como uma luva.


2. O planejamento. Adota-se uma postura objetiva, de concentração em
torno dos fatores de favorecimento, que vão desde a escolha do local até
a disposição espacial interna, visando “cercar a sorte” e mantê-la sob
controle. Esse procedimento exige reflexão, previsão e conhecimento
abrangente; exige, enfim, a participação decisiva da teoria Feng Shui.


CONDIÇÕES EXTERIORES



A confluência de ruas e avenidas aliada ao trânsito intenso de veículos
e pedestres é condição altamente favorável à atividade comercial.
Regiões concentradoras de muitos estabelecimentos que operam em
ramos variados são pólos atraentes a consumidores em potencial. A
primeira atitude é, portanto, evitar o isolamento. Algumas atividades
muito específicas, voltadas principalmente à prestação de serviços, beneficiam-se com o isolamento, o afastamento físico da concorrência.
São casos particulares, que devem ser analisados à parte. A escolha de
um local pertencente a um meio efervescente e movimentado é fundamental
para o sucesso de um negócio, seguida de uma série de cuidados,
de acordo com as orientações Feng Shui.

1. Esquinas. São as melhores localidades em ruas ou avenidas. Têm caráter
expansivo e aberto. Já se disse anteriormente que a teoria Feng Shui
realiza uma leitura iconográfica da geografia. Baseado nisso, ruas e avenidas
são elementos associados a córregos e rios. Proporcionam a componente
“Shuei” da edificação. Shuei é água e água é Yang. O rio simboliza
o movimento dinâmico, a atividade eterna; esquinas são, nessa elaboração,
encontros de rios. Significam a explosão liberadora de energias
múltiplas e extremamente favoráveis à prosperidade. A respiração local
tende a ser forte e altamente oxigenada, o que leva ao acúmulo de energias
benéficas.

2. Meio de quarteirão. Localidades pouco recomendadas, pois significam,
dentro do imaginário chinês, o meio da espada, a lâmina. Engendram
energias agressivas, que podem levar a conflitos entre funcionários e
clientes. Produz, também, um efeito similar ao “tubo aeróbico”, pois a
respiração adquire ritmos e velocidades diluidores, impedindo a estabilização
dos fatores positivos. Estabelecimentos nessa situação devem
multiplicar esforços e investimentos em arranjos e decorações de fachada
para atrair a clientela, e proceder a correções internas para ordenar o
fluxo aeróbico.

3. Semáforos. Elementos muito positivos, pois representam iconograficamente
a figura de árvores frutíferas. Produzem uma zona de serenidade
e frescor, amainando a turbulência intrínseca do rio. A conjugação
esquina e semáforo produz localidades ideais para a implantação de lojas
de departamentos, bancos ou hotéis; estabelecimentos, enfim, que
necessitem de atenção e confluência.


4. Fachadas em chanfro. Em projetos de edificações comerciais situadas
em esquinas, a teoria Feng Shui recomenda chanfrar o vértice em 45º,
produzindo-se, assim, uma fachada em diagonal (Figura 1).


O chanfrado em si já constitui um elemento atenuante. Dilui a projeção
agressiva da quina e elimina seu efeito cortante. A forma torna-se
aberta e expansiva, permitindo a captação e a reflexão dos ventos e da
luminosidade exterior, enriquecendo o fluxo respiratório e os componentes
Yang do conjunto.
Além disso, a expansão proporciona visibilidade física. A edificação
se destacará das demais, atraindo com isso mais compradores em potencial.
O especialista em Feng Shui, trabalhando conjuntamente com o arquiteto
e com o decorador na organização visual da fachada, pode tornar
o estabelecimento um verdadeiro ímã de energias criadoras.

5. Fontes/chafarizes. Na seqüência da proposta anterior, a intervenção produzirá um espaço vazio. O vazio deve ser preenchido para não tornar-se um
espaço negativo, catalisador de aglomerações desordenadas. Uma medida,
ao mesmo tempo saneadora e expansiva, é a instalação de uma fonte com
chafariz na entrada do estabelecimento, no espaço resultante do chanfro. A
água representa riqueza na simbologia chinesa e o chafariz é água em expansão,significando o bom direcionamento dos recursos e a farta recompensa aos esforços; o eterno retorno da fortuna e dos clientes.


6. Fatores compressivos. Locais de muito movimento são os mais indicados
para a implantação de estabelecimentos comerciais, diz o Feng Shui,
mas é preciso haver um equilíbrio mínimo para evitar o rompimento da
harmonia geral. Prédios muito altos ou trânsito pesado geram entidades
prejudiciais por sua agressividade e compressividade. O fluxo aeróbico
sofre um processo de estrangulamento respiratório, que impede a renovação
de energias positivas na edificação. Tanto funcionários quanto clientes
serão tomados de desânimo, apatia e cansaço físico inexplicável. Nesses
casos, a teoria recomenda a colocação de um “biombo natural”, isto é, um
arranjo largo de bambus ou folhagem espessa entre o estabelecimento e
a rua em frente. Essa medida proporciona uma barreira defensiva contra
os malefícios que possam advir do trânsito veloz e agressivo, recupera as
forças favoráveis e evita a dissipação das entidades Yang. Vizinhos de
prédios exageradamente altos, que promovam uma projeção compressiva
à respiração do conjunto, devem providenciar um espelho na janela, ou
na cobertura, com a finalidade de refletir e devolver a imagem predominante
(Figura 2).


7. Poste elétrico. Na frente da entrada ou nas imediações do estabelecimento
conota a figura de árvore grande. Produz energias compressivas e
sufoca a respiração. Remover um poste elétrico é tarefa quase impossível
(a não ser para incorporadores com muita força política). A única
solução, portanto, é atenuar sua presença. O Feng Shui recomenda a colocação
de um espelho preso ao poste, refletindo o interior da loja. Sendo
um elemento expansivo, sua tendência será a de atrair pessoas para dentro
do estabelecimento. Especialistas de outras tendências sugerem pintar
o poste com cores muito fortes e alegres, ou colar nele faixas de pano
vermelho com inscrições e dizeres de saudação aos transeuntes, incorporando,
por assim dizer, o elemento nocivo como elemento decorativo,
tornando-o benéfico e expansivo. A opção por um ou outro sistema dependerá
das restrições legais da cidade e do gosto pessoal do proprietário
do estabelecimento. Deve-se, apenas, cuidar para não torná-lo um
elemento excessivamente chocante, e agredir visualmente o meio circundante.

8. Arranjos decorativos. Lojas, restaurantes e pequenos negócios devem
exibir elementos decorativos de certo impacto visual, a fim de atrair a
atenção dos transeuntes. Como geralmente as empresas de pequeno porte
não dispõem de recursos para campanhas publicitárias ou promocionais,
devem adotar sua própria fachada como elemento de impacto e atração.
O Feng Shui sugere a introdução de luzes coloridas ou de néon, toldos,
aquários ou plantas exóticas como meios de destacar visualmente o estabelecimento.
Trazem, além de tudo, o benefício adicional de produzir
energias Yang favoráveis à expansão e à prosperidade. Alguns especialistas
aconselham o uso, sempre, de “sinos de vento” na entrada de lojas,
por sua figura esteticamente atrativa e suas propriedades místicas muito
positivas. Produzem, ainda, um som muito agradável, que “convoca” as
energias benéficas a adentrar ao estabelecimento.

9. Expressão da religiosidade. É um item polêmico, assunto de intensa
discussão entre teóricos de diversas tendências Feng Shui. Fiel ao postulado
de apenas recomendar, nunca impor ou proibir, a teoria expõe o
ponto de vista de uma linha de especialistas que defende a “expressão
pública e ostensiva da religiosidade” como componente favorável ao desenvolvimento
comercial. A teoria, em si, não a recomenda nem rejeita,
pois é uma questão notadamente vinculada a princípios de consciência
individual e, como tal, não comporta encorajamentos, nem reparos.


10. Entradas irregulares. Portas ou fachadas em formato assimétrico causam
o bloqueio do fluxo respiratório. Não traduzem harmonia e afastam
o Tao. Muitos arquitetos e decoradores adotam formas assimétricas, por
traduzirem uma concepção de arrojo estético. O problema é que engendram
entidades perturbadoras, prejudicando a capacidade de expansão.
Existe uma casa noturna muito famosa, localizada no bairro de Queens,
em Nova York. Era uma casa de freqüência numerosa e seleta. Ao passar
por uma reforma, o designer decidiu projetar uma forma trapezoidal para
a porta de entrada, com um dos lados mais alto que o outro. A reinauguração
foi um estrondoso sucesso, mas, com o passar do tempo, a clientela
foi escasseando, levando a casa a um estado de crise financeira. Estando
quase decidido a encerrar as atividades, o proprietário decidiu consultar
um renomado especialista em Feng Shui, por indicação de um dos
clientes. Este detectou imediatamente o problema, antes mesmo de pôr os pés na parte de dentro do estabelecimento: o formato da porta estava exercendo
uma compressão do ar interno, impedindo a entrada de entidades
positivas, tornando o conjunto um depositário de cargas indutoras de desconforto e mal-estar entre os freqüentadores. A primeira providência recomendada foi a de colocar um painel com franjas, utilizando tecido vermelho,de modo a vedar e “retificar” visualmente a parte superior do vão.
A seguir, o especialista sugeriu que se pendurasse um “sino de vento”
no teto, bem em frente à porta de entrada. Atrás da caixa registradora,
recomendou a colocação de um espelho octogonal com o requadro pintado
em vermelho, para concentrar forças favoráveis à riqueza. Uma vez
adotados esses procedimentos, a situação mudou completamente, a freqüência
aumentou novamente e a casa restabeleceu sua prosperidade financeira.

11. Cantos e arestas. As tendências estilísticas, derivadas do já mencionado
modernismo arquitetônico, originaram tipos de projeto que prevêem
ambientes de formato irregular e incorporam muitos ressaltos, degraus,
arestas, quinas, vigas e rampas. São estilos em moda entre as camadas
mais abastadas da população, ávidas por “diferenciação” e originalidade.
São formas extremamente desfavoráveis, do ponto de vista Feng
Shui.
Em situações dessa natureza, recomenda-se a utilização de muitos vasos
com plantas e floreiras nos locais críticos. A presença de elementos
ligados à natureza atenua sensivelmente as energias negativas. Iluminação
potente e “sinos de vento” proporcionam a regularização de fluxos aéreos,
diluindo a compressão. Sua utilização em instalações comerciais
produz entidades de expansão espiritual em favor do bom humor, do interesse
recíproco e do bom relacionamento. Atenua, também, conflitos de
respiração em situações de aglomeração.

12. Associação ao mórbido. Uma das precondições básicas ao sucesso
comercial, segundo a teoria, é afastar qualquer tipo de associação com
entidades ligadas à morbidez. Locais que sirvam a atividades destinadas
a doentes, mortos ou religiosos produzem alta concentração de forças
regressivas. A prosperidade rejeita categoricamente tais aproximações.


13. Associação ao próspero. Este item articula o pressuposto do anterior,
alterando inversamente sua concepção. É altamente favorável à proximidade
a estabelecimentos bem-sucedidos. O fluxo energético é de ótima
qualidade e condensa energias favoráveis ao sucesso e à prosperidade. Por
exemplo: cinemas, teatros e grandes lojas de departamentos são sistemas
que tendem a atrair e concentrar muitas pessoas. Seus arredores são excelentes para a implantação de restaurantes, bares e pequenas lojas, pois
a interação trará vantagens a todos os envolvidos.

14. Localização. A seguir, apresentamos um esboço demonstrativo e analítico de algumas
situações-padrão, segundo a teoria Feng Shui:




O esquema apresenta algumas situações típicas de posicionamento
comercial no meio urbano e ilustra uma série de fatores favoráveis e desfavoráveis
ao desenvolvimento. Um especialista em Feng Shui elaboraria
o seguinte diagnóstico:

• A loja 1 tem uma excelente localização, mas o sentido da abertura da
porta é contrário ao fluxo natural do trânsito. Nesse aspecto, o sentido
da abertura é muito melhor na loja 4, pois conduz naturalmente as energias
positivas para o seu interior. A loja 1 deve estar provida, portanto,
de um espelho na parede lateral, defronte à porta aberta, para facilitar
a expansão visual.

• A loja 2 tem como ponto forte a fachada em diagonal e as portas em
folha dupla. Simboliza a entrada em dobro de energias benéficas e projeta
expansibilidade visual e espiritual. O grande problema constituise
o poste bem diante da entrada, que acarreta um bloqueio respiratório,
dificultando o retorno dos clientes. O proprietário deve adotar os
procedimentos citados no item 7 deste capítulo.

• A loja 3, nesse aspecto, é a que tem melhor localização. Incorpora todas
as qualidades favoráveis da situação anterior com a vantagem adicional
de não estar fisicamente bloqueada por nenhum elemento estranho.
É, sem dúvida, a mais bem situada.

• A loja 4 está, também, muito bem localizada. A porta tem o sentido de
abertura correto. Só perde para a loja 3 por não se localizar numa es- quina e não dispor de uma porta em folha dupla. Daí a colocação de um
espelho na parede lateral para absorver as energias Yang e melhorar o
fluxo respiratório interno.

• A loja 5 está sob ação do “efeito flecha”. A rua da frente “invade” visual
e cosmicamente o estabelecimento, submetendo-o a uma ameaça
permanente. A mão de trânsito é um fator agravante, pois tem direção
obrigatória no sentido da loja, o que acirra o desequilíbrio. A recomendação
é instalar um grande espelho na parede frontal à porta, para refletir
e anular o “efeito flecha”. Outro espelho, lateral e em posição similar
à da loja 4, tem a função de atrair energias positivas.

• A loja 6 seria perfeita pela sua posição simétrica e análoga à loja 3. Há,
no entanto, uma coluna de sustentação exatamente na porta, dividindoa
em duas seções. Produz desfavorabilidade, pois representa um bloqueio
respiratório e produz fluxos direcionais não-naturais. A porta “A”
está mais bem posicionada que a porta “B”, pois integra-se melhor ao
meio externo. A coluna deve, por isso, ser dotada de um espelho voltado
para o interior, a fim de anular sua presença obstruidora.
Apenas para complementar, é preciso recomendar que as portas de
rua devem abrir-se sempre para o lado interno. Não obstruem a calçada
e produzem uma conotação de “chamamento”, proporcionando um sinal
de boa acolhida a todos os que vêm de fora. É um verdadeiro abraço de
boas-vindas visual, segundo a concepção Feng Shui.
Calçadas, paredes e instalações devem ser mantidas impecavelmente
limpas. O estabelecimento deve falar por si. A ostentação da higiene
significa atenção ao próximo e a si mesmo. O Tao estará presente.










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