quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Nova fase do 1,99

Produtos mais caros, nacionais e de melhor qualidade mantêm a clientela

As lojas de R$ 1,99 não são mais aquelas. Com a alta do dólar, os empresários do ramo viram-se obrigados a reduzir o volume de produtos importados e buscar fornecedores nacionais para manter os preços competitivos. É verdade que, hoje, nem só de produtos a R$ 1,99 vivem tais lojas, o que no entanto não impede o crescimento anual do setor da ordem de 15%, como afirmam os organizadores da Feira 1,99 Brasil. Montar um estabelecimento do ramo exige recursos da ordem de R$ 20 mil a R$ 30 mil e oferece risco mínimo.

A margem de lucro líquida com as vendas é de, em média, 32% a 40% para uma loja de 50 metros quadrados, enquanto o capital de giro necessário para reposição do estoque e pagamento de despesas fixas com dois empregados fica em torno de R$ 10 mil. A vantagem das lojas de R$ 1,99 é o giro rápido do estoque e a possibilidade de adotar o sistema de auto-atendimento, que dispensa contratação de muitos funcionários.

Os lojistas compram dos fornecedores por preços entre R$ 1,20 e R$ 1,40. A quantidade de peças comercializadas é que determina a rentabilidade do negócio. Organizador da Feira R$ 1,99 Brasil, que acontece há quatro anos, em São Paulo, Eduardo Toldres observa que este tipo de comércio não é recomendável para shoppings. O ideal é que sejam lojas de rua em áreas de grande circulação de pedestres, preferencialmente próximas a pontos de ônibus. É importante ter estoque inicial com 7 mil unidades e 500 produtos diferentes, com uma média de 12 peças por lote.

Virou grife

Existem no País cerca de 16,5 mil lojas de R$ 1,99, que movimentam anualmente R$ 900 milhões. O caminho para abrir negócio do gênero é selecionar os fornecedores, que anualmente se concentram na Feira 1,99 Brasil. "Os que optaram pelas lojas de R$ 1,99 estão tendo bom retorno do investimento e mantendo a rentabilidade porque são produtos com grande saída e hoje com melhor qualidade do que quando vinham do exterior. O valor 1,99 passou a ser uma grife", diz Toldres.

A fábrica de balas e confeitos Dori, em Marília, interior de São Paulo, distribui cerca de 6 mil toneladas do produto para lojistas de R$ 1,99 de todo o País, o que corresponde a 8% da produção. "O mercado tem bom potencial. Estamos melhorando as embalagens porque hoje, com a crise econômica, muitas pessoas entram para comprar presentes. O certo é que as lojas ofereçam o produto já embalado", afirma o diretor comercial, Paulo Cesar Venturini.

Jorge Bedran, dono da Casa da Mamãe, no Centro, não cita números, mas admite que o negócio é rentável. O comerciante foi um dos primeiros a aderir à febre das mercadorias de baixo preço unitário provenientes de outros países, mas hoje, por R$ 1,99, só vende artigos nacionais. "A indústria acompanhou as mudanças e passou a oferecer opções", acentua.

Luiz Fernando Quartin Barbosa, gerente de vendas da Wheaton, de jarras e copos de vidro, confirma que as lojas de R$ 1,99 não eram vistas com bons olhos. "O segmento era classificado como mercado aventureiro. O quadro mudou com o enfraquecimento dos importados", frisa. A Gioplast, em São Paulo, responsável pela linha Giotto, de artigos em acrílico, obtém 80% do seu faturamento com as lojas de R$ 1,99. Segundo o gerente de vendas, André Rodrigo Tamasauskas, a empresa atende os lojistas com pedido mínimo de R$ 500.

Localizada em Franca, São Paulo, a A.C. Silva, abastece as lojas de R$ 1,99 com artigos de festas e especiarias, comércio que rende à fábrica 85% de seu faturamento. "Estamos, aos poucos, deixando de atender às redes de supermercados, onde o sistema é muito burocrático. Nas lojas de R$ 1,99, falamos direto com o dono e a mercadoria tem giro rápido. Atendemos hoje a 3 mil clientes deste segmento e o nível de inadimplência não ultrapassa 1,5%", ressalta Alexandre Carlos Pires, diretor comercial.

Adaptação

Daniel Diedrich, dono da União Atacadistas, de bijouterias, anima-se com os resultados obtidos com o mercado de R$ 1,99. A fábrica tem alcançado 80% do seu faturamento abastecendo essas lojas em todo o País. "O mercado se adaptou ao modelo e a expectativa é de crescimento", avalia.

Luiz Cláudio Santarém Neves está neste mercado há cinco anos e acompanhou todo o processo quando as prateleiras viviam abarrotadas de produtos importados. Hoje, 80% dos artigos que expõe e vende são nacionais e 90% custam R$ 1,99. Com quatro estabelecimentos, o empresário afirma que, apesar de vender por mês, cerca de 40 mil peças a R$ 1,99, foi preciso diversificar e incluir alguns itens com preços superiores.

- No começo, os importados eram novidade. Hoje, não é mais assim. O consumidor enxerga o produto e não mais a procedência.

Mantivemos a filosofia de vender tudo barato, inclusive os produtos que custam mais de R$ 1,99. Meu lucro bruto com as vendas é de 40% a 50%, e o líquido, de 25% - conta Neves.

O consultor Haroldo Caser, da HC Lopes e do Sebrae-RJ atribui o sucesso das lojas de R$ 1,99 à situação econômica do País. "O consumidor quer um local que reúna muitas opções a preço acessível. Essas lojas exigem investimento baixo, a quantidade de itens é expressiva, o estoque grande e de giro rápido. A concorrência é grande, mas não há canibalização porque as lojas não são grudadas uma à outra", diz.

Serviço:

Dori, 0xx-14-415-3000
Gioplast, 0xx-11-6693-7959
HC Lopes, 2495-6121 ramal 2201
Sandiego, 0xx-11-311-6166
Wheaton do Brasil, 0xx-11-4351-4433

Uma Feira só para o setor

A quarta edição da Feira 1,99 Brasil, que acontece de segunda a quinta-feira, em São Paulo, será a grande oportunidade de lojistas conhecerem as novidades para o Dia das Mães. Em área de 3,5 mil metros quadrados, mais de cem empresas estarão exibindo seus produtos aos empresários que atuam neste segmento.

- A procura é grande e estamos entusiasmados com o interesse dos participantes. Tanto lojistas como expositores sinalizaram interesse em estar presente ao evento - afirma Eduardo Toldres, organizador da feira.

Os lojistas podem garantir a inscrição no site da feira www.feira199brasil.com.br. A entrada é franca e o evento é aberto a todos que apresentarem registro de empresa.

Raio X

>> Investimento inicial

Discriminação Quantidade R$
Investimento fixo
Balcão 1 300
Estantes para 2 520
expor os produtos
Computador 1 2 mil
Impressora 1 450
Soma 1 - 22,4 mil
Capital de giro
Estoque inicial 7 mil 20 mil
peças
Custos fixos - 5 mil
Soma 2 - 25 mil
Total (1+2) - 27,4 mil

>> Despesas mensais

Discriminação Quantidade R$
Custos fixos
Aluguel - 1,8 mil
IPTU - 640
Água e luz - 300
Telefone 1 220
Encargos sociais - 500
Pró-labore - 1,5 mil
Soma 1 - 4,9 mil
Custos variáveis
Reposição de estoque 1,5 mil peças 2 mil
Soma 2 - 2 mil
Total (1+2) - 6,9 mil

>> Receita mensal

Discriminação Quantidade R$
Vendas ao mercado interno
Peças 5 mil 10 mil
Total - 10 mil

Para não perder

>> Programe-se

Feira 1,99 Brasil
Data: 18 a 21 de março
Horário: 11h às 21h
Local: Expo Center Norte,
pavilhão amarelo
Endereço: Avenida Otto
Baungart, 1.000, Vila
Guilherme
Expositores: 100
Área de exposição: 3,5 mil metros quadrados
Inscrições: www.feira199brasil.com.br

Fonte Sebrae-SC

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